segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

What if

Sometimes I wonder what if...

What if you hadn't crossed my life?
What if your name was different?
What if yes and no were tangled?
What if my name was different?

... What if?

Would I still be me?!?
I wish...

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Tempo

Encolho-me no tempo que passa, na esperança de que não me note. Encubro-me na sombra das suas horas e abandono-me aos seus desígnios, num estranho jogo de apanha-esconde. Eu, ali, parado. O tempo, algures, atrás de mim. Ambos fugimos.

Aninho-me no conforto de um silêncio encenado e sustenho a respiração. Até ficar azul. Até que todas as cores me abandonem e eu me confunda com o branco da parede que me abriga. Talvez assim lhe escape. Talvez, desta, passe por mim. Talvez.

Deixo-me cair, vencido pelo ar que me falta e sorvo, em lufadas ofegantes, o pouco tempo que ainda me resta. Sinto-o a observar-me, pausadamente, sem pressas, com todo o tempo do mundo. O seu. O meu. O nosso.

Eis que se agiganta perante mim um bicho horrendo, de sete cabeças, vinte e quatro braços e sessenta olhos colados em mim. Sorri-me, docemente.

- Apanhei-te. É a tua vez!
- Desisto. Ganhas sempre...

domingo, 5 de dezembro de 2010

Crowd

I feel lonely when I'm not alone.

Can't seem to find my face in the crowd,
Hidden in the eyes that see through me
And dwel in delusions of make believe.

Don't recognize the smiles I fake so well,
To go with the words I pretend to tell
To those heavenly faces in this living hell.

I feel so lonely when I'm not alone...

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Cacos

Tenho que te deixar cair.

Que te partas em mil pedaços, minúsculos, ínfimos, microscópicos, que não me possibilitem sequer sonhar reconstruir-te. Que te desfaças em cacos que não vou recolher, mas varrer, aspirar, calcar e chutar aos quatro cantos deste mundo que dizem arredondado.

Que te esfumes em pó, não de arroz, tudo menos doce, mas pó bafiento e bolorento, sujo pela ausência de memórias e agastado pelo tempo que em ti se consome, lentamente. Que me caias, no vazio de um qualquer poço escuro, para que os meus olhos não mais sofram à tua vista, para que a tua imagem tosca e mal amanhada não mais me impeça de ver as manchas de humidade na parede da sala.

Que te esqueça, mal o teu peso me liberte a mão e ainda antes de tocares o chão. Da garagem. Melhor, do pátio. Para que te leve o vento e te lave a chuva e te lamba o cão da vizinha da frente. Que te leve em pequenos pedaços e te enterre, entre ossos e carne decomposta, entre velhos sapatos e fotos rasgadas, ali, à esquerda do sobreiro onde outrora descansava o meu avô.

Que te perca. Bem perdida, escondida, camuflada, invisível, para não mais tropeçar em ti. Que te ofereças, que te levem, que pague a alguém para me livrar de ti. Que te leve a Dª Ofélia, junto com as garrafas, os papéis rasgados, as latas de atum vazias e as cascas de amendoim, numa qualquer 4ª Feira do mês. Amanhã!

Sim, tenho mesmo que te deixar cair.
Não tolero mais olhar para ti...

Que horrenda boneca de porcelana!!
Honestamente, já nem me lembro quem me terá dado esta merda?!?
Para o ano, juro, não vou ao jantar de Natal...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Solta-me!

Solta-me.
Larga-me a voz, desprende-me o peito, desfaz-me este nós.
Deixa-me.

Perde-me.
Mata-te em mim, revolta-me em ti, apaga-te a sós.
Liberta-me.

Devolve-me a mim... tenho saudades...

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Happily Ever After

... fora eu um seis e viveríamos felizes para sempre...

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Infinito

Espero-me.

Alimento-me do tempo que me falta com a confiança de quem não conhece limites. O tempo é, para mim, infinito. Um todo que é, claramente, superior à soma das partes que o compõem. Os meus minutos têm, precisamente, 61 segundos. E é nesse outro segundo, nesse instante de tempo só meu, em que o mundo parado me espera, que eu te encontro. És, pois, à falta de melhor descrição, como que a representação gráfica da minha infinidade temporal.

Vá lá, matematicamente, és como que um nove deitado.
Convenhamos, nada de especial...

Porque me espero?

domingo, 19 de setembro de 2010

Tu

Toco, ao de leve o teu rosto,
Uma lágrima, um sorriso, um olhar,
Livro, poema, sol e luar,
Imagem perfeita, a que me acosto.
Procuro, no verso de cada palavra,
A estória que te mantenha encantada...

Se a não encontrar, escrevo-ta... com a certeza de um final feliz!
Beijo enorme

Teatro

"Sorvo as tuas palavras até à última gota, até que o som da palha a aspirar o vazio, corte o silêncio em que me deixaste.

Não tenho voz. Não consigo dizer-te a falta que não me fazes, ou talvez faças. Tento, com uma mímica de gestos incompreensíveis, demonstrar-te a forma como já não te sinto. Nos meus olhos, lê-se o desespero do vazio, o desalento de um nada acumulado em finas camadas de memórias perdidas.

Na pele, marcado a ferros, um nome que já mal distingo, num corpo que dizem meu. Nos lábios, estes que um dia quiseste, esfuma-se agora um último cigarro, a par com as palavras que nunca te disse. Nas mãos, fortes, seguras, trago ainda um pouco de mim. Carrego-me para todo o lado, numa linha invisível que um dia, cigana, tentaste ler."

- Que melodrama. Mas o que é isso? - interrompes-me.
- Então, não foi o que pediste? - respondo-te, perplexo.
- Quero mais acção, mais vida, mais, mais... tu sabes.
- Não, não sei.
- Pois, já deu para ver... não entendes nada de amor...

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Metamorfose

- Estás diferente, hoje.
- Achas?
- Tenho a certeza. O que é?
- Nada de especial. Só dei um jeito ao cabelo...
- Fica-te bem - minto.
- Ainda bem que gostas - respondes, ao subir para o comboio.

Acenas-me um lento adeus.
E eu, ali, parado, a ver-te partir.
Com tanto para te dizer e ainda mais para calar...

- Faz boa viagem, vai dando notícias - grito-te, em silêncio, sabendo que já não me ouves.

Gosto do teu cabelo. Já te tinha dito?!?

domingo, 20 de junho de 2010

Writer's Block

Devolve-me as palavras que te dei.
Fazem-me falta...

terça-feira, 1 de junho de 2010

Malapata

Sinto o teu toque frio e metálico na ponta dos meus dedos.
Rodo-te, como se minha fosses, entre o indicador e o polegar.
Viro-te, vezes sem conta, na ânsia de encontrar um teu sinal que não chega.

Desisto...

Num ímpeto, atiro-te ao ar e estendo a mão, que recolho no exacto segundo em que a ela voltas.
Cais, abandonada, no chão molhado.
Resisto à vontade de te olhar e sigo o meu rumo.

Cara ou coroa?
Não sei... há diferenças?!?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Razões

Honestamente, não sei dizer-te o que mais gosto em ti...

Como limitar o que, de si, é ilimitado?
Como dividir o indivisível, em ti, personificação de que o todo é, efectivamente, superior à soma das suas partes?
Como te atreves sequer a pedir-me que tente?

Como? Se há dias em que o doce cheiro dos teus cabelos me embala o sono e dias há em que são os teus lábios que me devolvem à vida? Como dissociar a tua pele do toque suave das tuas mãos e do abraço selvagem das tuas coxas?

Como explicar-te que, se há dias em que o teu rosto me apaixona, outros há em que essa paixão sucumbe à força impiedosa do desejo, quando adivinho os contornos do teu corpo em contra luz e a minha vontade contra a parede da sala, separadas apenas por uma fina camada de ti?

Não, honestamente, não sei dizer-te o que mais gosto em ti!

Sei, seguramente, do que não gosto.
De ti. Dessa perfeição intangível que insistes manter, exclusivamente, no hemisfério esquerdo da minha imaginação...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Palavras

Palavras desconexas, ligadas para sempre por significados ocultos e inexoráveis. Palavras silenciosas, mudas, caladas, sentidas, perdidas em tempos e espaços que não os presentes. Palavras rasgadas na verdade, dissimuladas na mentira e insondáveis na imensidão do in between. Palavras de ódio, de amor, de amizade, de loucura, de tudo e de nada e ainda mais um pouco.

Palavras que pintam sorrisos, escondem segredos, desbravam caminhos e combatem medos. Palavras que alimentam, que carregam, que suportam, que ensinam. Palavras soltas, caídas, jogadas, abandonadas, unidas por letras que as descompõem nos espaços em que se afastam. Palavras de ordem, sem ordem, ordenadas no caos por uma estranha vontade própria.

Palavras que não são minhas, nem tuas, nem de ninguém. Palavras que não conhecem dono ou lealdade. Palavras imaginadas em sonhos e lançadas aos sete ventos numa dura ilusão de realidade. Palavras cruéis, inocentes, com pronúncia de criança e ponderação de adulto. Palavras que tudo podem e nada mudam.

Palavras. No fim, são só palavras... nada mais... talvez menos...

domingo, 2 de maio de 2010

Fairytale

Today, I felt like writing you a Fairytale...

Pego no meu lápis, na tua folha e começo a escrever-te um mundo encantado...

Desenho, com palavras esdrúxulas, as longas paisagens onde te perdes de vista, recuperas o fôlego e sacias a alma. Adjectivo-te sonhos, que pinto de cor-de-rosa, num harmonioso contraste com o verde dos teus olhos. Construo, à base de metáforas e hipérboles, o castelo onde te guardas a sete chaves, para o mais encantado dos príncipes encantados.

Por fim, moldo o nome à tua vontade, dou-lhe a forma do teu desejo e o cheiro do teu prazer. Ordeno-o, com um 'A' maiúsculo em frente do mar e peço-lhe que capture o teu sol. Para sempre, neste mundo pintado de encanto à tua imagem, o sol brilhará por ti.

Guardo no peito a tua folha em branco e deixo as minhas palavras seguirem caminho...
Quem sabe, talvez cruzem o teu?!?

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Silêncio

Para ti, porque recordar é viver:

Eu amo o silêncio.
Desculpa, deixa-me ser mais preciso... eu amo o TEU silêncio.

Amo o conforto do teu silêncio. Amo a segurança que me transmite e que assenta na futilidade das palavras e na força do olhar. É bom saber que me entendes, ainda que nada te diga. E é bom saber que me respeitas e me respondes, sublimemente, com esse silêncio que eu tanto amo.

É bom gozar o silêncio e deixar-me embalar pelas histórias que me conta o bater cadenciado do teu coração. É bom descansar a minha cabeça no teu peito e, em silêncio, ouvir tudo o que tens para me dizer. E agradecer-te em silêncio.

Eu amo o silêncio que magnifica sentidos. Amo o silêncio que cheira a essência de rosmaninho. Amo o silêncio que me permite olhar o passado, tocar o futuro e saborear o presente. Sem distorção, sem ruído. Só silêncio.

O silêncio é a forma de expressão mais pura. Não é fácil expressarmo-nos pelo silêncio. Não é fácil não nos sentirmos tentados a rasgá-lo com palavras vãs e a manchá-lo com frivolidades.

Não é, de todo, comum o teu silêncio...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Procura

Tropeço na linha invisível que me delimita a realidade e deixo-me cair livremente no mundo de fantasia em que me procuro. As nuvens e as árvores cor-de-rosa escondem o sol azul-turquesa. À minha frente, por entre as sombras de uma lua alaranjada, Alice e a Dama de Copas saltam à corda. Ao fundo, muito lá ao fundo, um pouco além da minha imaginação, as minhas memórias, os meus sonhos, a minha vida. Ali, mesmo ali, um tudo nada à esquerda de onde nunca os guardei.

Chamo-me, com a voz rouca que ecoa no silêncio que me responde. Não espero outra resposta que não o som arrítmico dos meus passos lentos e cansados. Ainda assim, tento ouvir-me. Ainda assim, chamo por mim.
Não me ouço. Não me admiro.

A noite beija-me a pele com o prazer solitário da eternidade. Uma gota de chuva, uma única gota de chuva, desprende-se do meu rosto e pinta o chão em tons de vermelho-fogo. Procuro, no contraste das cores vivas, uma pista que me leve até mim. Nada encontro, para além de uma nova linha, esta visível, que demarca os contornos da realidade.

Transponho-a e deixo-me cair na cama, subjugado pelo cansaço.
Hoje vou dormir. Talvez amanhã me encontre...

domingo, 31 de janeiro de 2010

Sinal

A tua memória, vinda do nada, embateu em mim como se de um sinal se tratasse. Não falo de um sinal divino ou qualquer outra forma de crença sobrenatural. Não. Foi mesmo como um daqueles vulgares sinais de trânsito, em que batemos quando olhamos distraidamente a mini-saia que se passeia do outro lado da rua. Um desses. Banal, sujo, gasto.
Ainda assim, atirou-me ao chão...

Não me levantei de imediato, de tão compenetrado que estava na árdua tarefa de contar estrelas. Até os flashes que, na altura, confundi com sinais, não passavam de vulgares sinais de luzes dos carros que, desesperadamente, tentavam não me atropelar.
E, na sua maioria, conseguiram...

Já na ambulância, a caminho do Hospital, um outro sinal. Indistinto, quase inaudível, um ténue bip cadenciado abranda de ritmo até se alongar num único bip, contínuo, agora ainda mais longínquo, que se funde com as sirenes que já não ouço.
"... 3... 2... 1... AFASTAR!"

Estranho... será outro sinal?!?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Fantoche

Hoje acordei com vontade de te beijar.
Senti o calor dos primeiros raios da manhã tocar-me o rosto ao de leve, tão de leve que pensei que fosses tu. Não. Era só o sol a despertar-me, como tu o ensinaste. Ainda assim, parecias-me tu.

Voltei-me para te beijar, para te mostrar à força de lábios o desejo que já não consigo esconder na pele. Quis beijar-te a boca e aninhar-me em ti, inebriado pelo teu cheiro. O teu. Só teu, sem aditivos ou corantes artificiais.
Voltei-me para te beijar e não te encontrei...

Provavelmente saíste mais cedo. Concerteza terias alguma reunião. Seguramente, ontem, no auge da antecipação, naquele segundo em que revês mentalmente todos os passos que ainda não deste e fazes aquelas covinhas no rosto que me dão vontade de te trincar, ter-te-ás esquecido de me avisar.
Honestamente, admiro a forma como tentas equilibrar a tua carreira e a tua vida pessoal. Tens sempre tanto para fazer...

Entro no chuveiro e deixo a água correr livremente pelo meu corpo, como se das tuas mão se tratasse. De olhos fechados, sinto o toque quente da tua língua percorrer-me o pescoço, o peito, todo o meu corpo. Ainda de olhos fechados, não consigo deixar de te tentar agarrar, enquanto escorregas por entre os meus dedos.
Abro os olhos e, juro, vejo-te ainda fugir pelo ralo da banheira...

Enfrento agora mais um dia sem ti, com horas que conto intermináveis e minutos que, cruel e irremediavelmente, adensam a saudade que te sinto. Arrasto-me até ao trabalho, sem resistir ao ímpeto de baixar a capota do carro e deixar que o teu sol me beije mais uma vez.
Sorrio, como sempre acontece no meu dia, com a memória de ti...

O regresso a casa é sempre complicado. A tua proximidade premente torna os minutos ainda mais longos e as filas de trânsito ainda mais insuportáveis. Debato-me nervosamente com os metros que me separam de ti, enquanto estes se transformam em quilómetros, com um evidente desrespeito pelas mais básicas regras do Sistema Métrico Internacional.

Entro em casa e largo apressadamente tudo que carrego no chão do hall, na ânsia de te ver, de te beijar. Corro para a cozinha, onde te encontras, onde finalmente te encontro. Agarro-te pela cintura e afogo-me nos teus cabelos enquanto te viro para mim.
- Pára - respondes-me. Não vês que estou a fazer o jantar? E vê lá se arrumas as coisas que deixaste espalhadas pelo chão da casa. Julgas que sou tua criada??

E eu, como sempre, obedeço-te. E arrumo.
Arrumo o casaco no armário do hall, descalço os sapatos e calço os chinelos que sempre me pedes, "para não sujar a casa". Arrumo o portátil no armário do escritório, na porta da direita, entre os meus livros e as tuas revistas, perfeitamente ordenadas. O embrulho, com o vestido novo que comprei para te dar, na hora de almoço de que abdiquei por não conseguir comer longe de ti, arrumo delicadamente em cima da cama. Pode ser que, desta vez, aprecies a surpresa.
E arrumo o meu amor na prateleira, ali, mesmo à mão, à espera de um bocadinho do teu...

Mas Amor, sabes meu amor, era só um pouco do que eu tinha para te dar?!?

domingo, 17 de janeiro de 2010

Meu Mundo

Digo-te ao ouvido, enquanto dormes,
Inquieto e agitado, que não te conformes.
O mundo e a vida seguem seu rumo,
Gritam teu nome em sinais de fumo,
Ordenam o caos em que sempre te arrumo.

Lembro-te, no sono em que te velo,
Os risos e abraços com que revelo
Um doce segredo, pedaço de mar,
Raiz do meu voto de jamais te largar.
Envolvo-te no escudo do meu abraço:
Nada, ninguém, nem tempo ou espaço,
Coisa alguma te vai magoar.
O Mundo é teu... e eu hei-de to dar!!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Slow Motion Love

Vi-te chegar ainda antes de te ver.
Vi o eco dos teus passos desajeitados no silêncio da tarde e vi o doce aroma do teu perfume, que emanava já de mim. Vi-te, ainda a esquina não se tinha dobrado para ti.

Só podias ser tu.
Pelos olhares de desdém e os "havias de me ver com menos dez anos", que se soltavam à tua passagem. Pelas cabeças viradas, as cotoveladas apressadas e os "olha-me aquela", que se erguiam uns decibéis acima do desejado. Pelos "quando crescer quero ser assim" que se adivinhavam no pensamento das meninas que paravam agora de brincar no jardim.
Sim, só podias ser tu. Não precisei sequer de ouvir o som das travagens tardias ou os piropos foleiros, gritados do 5º piso daquele prédio em construção. Eras tu.

E eu, sozinho, naquele banco, a ver-me ver-te chegar.
Fiquei a observar-te de longe, com o teu vestido azul, que julgavas agradar-me. Tão doce era o teu sorriso quando o vestias, que nunca tive coragem de te dizer que o detestava. Gostava-te, porém.
Amava-te, até.

Vi ainda como te dobravas para apertar as sandálias, com a pose blasé de que te orgulhavas, indiferente ao impacto que a visão das tuas pernas, perfeitamente torneadas, pudesse causar nos transeuntes.
Meu Deus, como és bonita!

E eu, maltrapilho, triste farrapo de mim.
Como podia eu querer que me amasses?
Como pude eu crer que me amasses?

Aproximei-me de ti, lentamente. Não permitias tu que fosse de outra forma.
Sempre adorei esse teu jeito de sugestionar o tempo e envolver o mundo todo no teu pequeno carrossel em câmara lenta.
Beijei-te a boca, não tão demoradamente quanto gostava, mas na justa medida da nula resistência que te tinha. Sabias, hoje, ao que sempre soubeste e deixaste-me nos lábios um doce travo a primeira vez.

Foi então que ganhei coragem.
Tirei a mão do bolso, que encostei à tua testa enquanto te sussurrava um "Amo-te", quase inaudível.
As minhas palavras tiveram em ti o efeito de uma bala e caíste inanimada a meus pés.
Tal como sempre receei que fizesses, desapareceste, num segundo, da minha vida.

De repente, sem lembrete ou aviso sonoro, o mundo regressa à sua velocidade inebriante, que tudo consome e nada poupa. Olho para o relógio. "Merda! Estou atrasado para a minha consulta no dentista."

Adeus, meu Amor.
Beijo-te numa outra vida...

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Feast

I've killed the Dragon, slayed the Beast
Slaughtered the fucker and had me a feast.
Whose blood is this then?? - asked the Dragon to the dying man.



Empunhavas, seguro, o teu punhal.
Punho cerrado, braço estendido,
Pé recuado, escudo partido,
Pleno de força e vontade animal.

Acorrentada, numa laje ancestral,
Uma doce princesa, num choro sentido,
Recorda-te um sonho há muito perdido
E exulta os teus feitos em tom teatral.

Logo se avivam lendas de espadas
Cravadas na pedra, batalhas travadas
Com monstros azuis e dragões amarelos.

Estou farto de estórias de Fadas,
Dragões e Princesas encantadas...
Hoje é dia de derrubar Castelos!!