terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Quero-te

Quero-te. Plena. Inteira. Indivisa.

Quero colar-me ao teu peito e adormecer embalado pelo ritmo apressado do teu menor que três. Quero acordar perdido, num tempo distante, num qualquer quarto de hotel, para te descobrir a meu lado. E, de olhos abertos, vigiar o teu sono, o meu sonho.

Quero-te, imagem, gravada na minha retina ao adormecer e estampada na minha memória ao acordar. E, nos entretantos a que os outros chamam dias, quero ver o mundo pelos teus olhos. A cores, às cores, a preto e branco, tingido de ti.

Quero a tua lágrima no meu rosto e o teu sorriso na minha face. Como se de um beijo se tratasse. Teu. Único. Que procuro com a fome desenfreada do jejum e a sede incontrolável do deserto. Um. Mais. Todos. Mais.

Quero ver na minha a tua sombra e na água da chuva o teu reflexo. Quero ouvir-te na minha voz e tropeçar no silêncio dos teus passos. Quero prender-me em ti, perder-me em ti, soltar-me contigo. Hoje. Amanhã. Depois. Muito depois. Muitos depois.

Quero-te!
Plena. Inteira. Indivisa. Una.
Uno. Ganhei?!?

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Espera

Oito horas.
Há duas que te espero, nesta cadeira gelada. Há muito que a esplanada fechou e o calor do chá que esperava pedir, me arrefeceu. Espero-te, ainda.

Contemplo os ponteiros parados do meu velho relógio, cujas pilhas desistiram de te esperar. Resisti-lhes. Não me dou facilmente por vencido. Agora que penso, nem por isso me dou por vencedor. Estou, algures, num meio termo, sem termo certo. Existo, no espaço em que te espero. Ainda.

Ocupo o olhar com a lua vazia e as mãos com o meu velho canivete de bolso. Aquele que me deste, ainda criança, nas traseiras do celeiro da Vó Felismina. Trago-o comigo desde esse dia, já lá vão quase 3 anos. Recordo-me ainda como se fosse hoje, embora já tenha sido antes de ontem. Espero-te. Ainda.

Para ajudar a passar o tempo, imagino-nos um diálogo mudo, em que esgrimimos argumentos, plenos de razão, desprovidos de quase toda e qualquer emoção. Mesmo fruto da minha imaginação, saio vencido nesta aguerrida troca de silêncios. Talvez te deixe vencer. Talvez não te consiga ganhar.

Há mais de duas horas que te espero.
Só vou esperar mais dez minutos. No máximo, até que o ponteiro grande do meu relógio chegue ao cinco...

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Ar

Roubas-me o ar...

Sorves o espaço que me ocupas e relegas-me para um segundo plano de mim, paredes meias com os meus fantasmas, os teus receios e os nossos velhos livros, ali, naquela velha prateleira empoeirada.
Tiras-me o sono, que trocas por receios fundados de insolvência mental e delírios vazios de razões fartos. Aceno-te com a cabeça, em sinal de anuência fingida. Finges não reparar. Finjo não me preocupar.

Devolve-me o ar. Faz-me falta.
Nunca me dei bem a suster a respiração debaixo de chuva...

sábado, 13 de agosto de 2011

Ilusão

Pinto-me um céu de azul prateado
Rasgado por nuvens laranja-limão.
Pinto-me prados e relva de verão,
Árvores e flores de um negro azulado.

Pinto-me mares e rios e um lago gelado,
Montanhas e vales traçados no chão.
Pinto-me cheiros e cores, de sim e de não,
Palavras e gestos de um silêncio apagado.

Desenho-me um mundo de cor ilustrado,
Com traço e espaço de acesa ilusão,
Com vida inquieta de desejo marcado.

Desenho-te em mim, na palma da mão,
Perfeita candura de um doce pecado:
Pinto-me um sonho... numa bola de sabão!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Escultura

Rasga-se-me a pele dos dedos, à custa de esculpir sonhos em madeira-pedra. Turva-se-me a visão, agastada pelas noites não dormidas na atenção ao pormenor de uma incessante busca por uma utópica perfeição. Cansam-se-me os braços, pesados, caídos, impotentes para suster o martelo e o cinzel que me aguilhoam. As pernas, mortas, inertes, sucubem ao peso do busto inacabado no meu colo. O teu. Perde-se-me a mente em delírios febris à conta, já sem conta, das vidas passadas a esculpir-te.

E agora, obra acabada, orgulhosamente imperfeita, à minha imagem. Prostrado, subjugado, vaidosamente cansado, presenteio-te com a obra de uma vida.

Agradeces, amavelmente:
"Obrigada... mas agora não me dá jeito guardar isso lá em casa..."

Life

Missed crying myself to sleep.

Thank you life, for showing me that pain is temporary... but recurrent...
I kneel before you!

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Escrevi-te

Comecei por te escrever um soneto, procurando, na imperfeição das sílabas métricas, retratar a tua própria perfeição. Armei-me de metáforas e hipérboles, que desfiz em pleonásmos de ti.

Escrevi-te prosas, versos, cartas, emails, bilhetes, SMS, post-its... até um livro te escrevi, em folhas amassadas de velhos guardanapos de papel, que ainda hoje carrego comigo. Rendi-me aos sinais de fumo, aos pombos correio, inundei-te o fax, pensei-te em código morse e li-te em Braille. Escrevi-te todo um romance, que converti em argumento cinematográfico de filme de série B, a roçar o C, em jeito de Tarantino meets Howard Stern. Guardo ainda, bem vivo na memória, o vermelho deslavado do carimbo "Censurado".

Passei por te escrever canções, desgarradas, agarradas, aninhadas, juntas, muito próximas de nada. Escrevi infindáveis dicionários só com o teu nome e sebentas repletas de palavras soltas por ti. Pensei, juro, em escrever toda uma tese de doutoramento sobre ti, que teria escrito, juro outra vez, não fora eu perder toda a articulação qundo te penso. Enrolei milhares de minúsculas mensagens em pequenas garrafas, que lancei ao largo do Cabo da Boa Esperança, para mim, ainda e sempre, Cabo das Tormentas.

Agora que penso, acabei por nunca te escrever o que tanto escrevi...
Ter-me-ias lido?!?

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Insight

Lost and broken in the silent night,
My eyes foresee in the blinding light
A glimpse of heaven before my sight,
Your unveiled body for my delight.

Standing here, in all your might,
A dazzling vision of perfect bright,
You deceive my senses into a fight,
Whirling all my wrongs into right.

And yet, you find me not your shining knight.
So, goodnight, it’s past midnight!...

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Tau

Olho-te.
Estou com um tau que não te aguento - penso.
Penso-te. Imagino-te.

Imagino-te decadente Vénus de Milo, despojada de braços, pernas partidas pelo tempo meu, corpo agastado, arrastado, sujo e engelhado por vontade minha. Imagino-te Camões, sem um olho, sem pala, com palas. Duas. Imagino-te Capitão Gancho, enferrujado, enrugado, tolhido pela ruindade, à mercê de um tic-tac incessante. TIC. TAC. TIC. TAC.

Penso-te Bela Adormecida, sem Príncipe Encantado, para não mais despertares de um sono entorpecido, mergulhada nos constantes pesadelos que te invento. Penso-te Cinderela depois da meia-noite, sempre depois da meia-noite, sem sapato, semi-descalça, com frio, cansada, com sono, pelo sono que não te permito. Penso-te Medusa, com negras cobras no lugar dos cabelos brancos, enloquecida por um sibilar agudo e prolongado, que te grita impropérios meus.

Estou com um tau que não te aguento.
Penso. Alto. Talvez até to diga.

Olhas-me, perplexa, com cara de quem me vai perguntar de quem é a culpa. Ainda bem que não o fazes. Destesto anagramas.

"Vou tomar banho. Estou com um tau que não me aguento".

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Irritante

Arghhhhhh!!
Tenho dito...