Rasga-se-me a pele dos dedos, à custa de esculpir sonhos em madeira-pedra. Turva-se-me a visão, agastada pelas noites não dormidas na atenção ao pormenor de uma incessante busca por uma utópica perfeição. Cansam-se-me os braços, pesados, caídos, impotentes para suster o martelo e o cinzel que me aguilhoam. As pernas, mortas, inertes, sucubem ao peso do busto inacabado no meu colo. O teu. Perde-se-me a mente em delírios febris à conta, já sem conta, das vidas passadas a esculpir-te.
E agora, obra acabada, orgulhosamente imperfeita, à minha imagem. Prostrado, subjugado, vaidosamente cansado, presenteio-te com a obra de uma vida.
Agradeces, amavelmente:
"Obrigada... mas agora não me dá jeito guardar isso lá em casa..."
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