quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Espera

Oito horas.
Há duas que te espero, nesta cadeira gelada. Há muito que a esplanada fechou e o calor do chá que esperava pedir, me arrefeceu. Espero-te, ainda.

Contemplo os ponteiros parados do meu velho relógio, cujas pilhas desistiram de te esperar. Resisti-lhes. Não me dou facilmente por vencido. Agora que penso, nem por isso me dou por vencedor. Estou, algures, num meio termo, sem termo certo. Existo, no espaço em que te espero. Ainda.

Ocupo o olhar com a lua vazia e as mãos com o meu velho canivete de bolso. Aquele que me deste, ainda criança, nas traseiras do celeiro da Vó Felismina. Trago-o comigo desde esse dia, já lá vão quase 3 anos. Recordo-me ainda como se fosse hoje, embora já tenha sido antes de ontem. Espero-te. Ainda.

Para ajudar a passar o tempo, imagino-nos um diálogo mudo, em que esgrimimos argumentos, plenos de razão, desprovidos de quase toda e qualquer emoção. Mesmo fruto da minha imaginação, saio vencido nesta aguerrida troca de silêncios. Talvez te deixe vencer. Talvez não te consiga ganhar.

Há mais de duas horas que te espero.
Só vou esperar mais dez minutos. No máximo, até que o ponteiro grande do meu relógio chegue ao cinco...

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