quinta-feira, 28 de maio de 2009

Noite

A noite esconde-se na sua própria sombra e apanha-me de surpresa.
Segreda-me ao ouvido, com a doce ousadia dos amantes, as razões com que sabe convencer-me. As suas razões, não tão raras vezes as nossas razões.
Fala-me do tempo, do silêncio e do espaço que parece ganhar nova vida. À noite, tudo tem outro sabor. À noite, tudo me sabe a mim.

Voltaste? - pergunto-lhe.
Vem, envolve-me com o teu manto negro. Cobre-me. Abriga-me. Protege-me.

Vem... hoje faço-te companhia!

sábado, 23 de maio de 2009

Speeding

A word to the wise:

If you like driving, you want to keep your Drivers License and you hate throwing 300 EUR away... don’t get caught going 187 km/h on a 100 km/h limit road...

It’s not that funny. Just take my word for it...

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Desenho

Atropelam-se-me, na pele, os pensamentos,
Amontoam-se-me, nos olhos, as verdades
E o tempo, na eternidade dos momentos,
Insiste em me mostrar cumplicidades.

Irrompo pelas encruzilhadas do que sou,
E perco-me, sem sentidos, sem sentido,
Nas margens de um rio que amanhã secou
E hoje, em seu leito, me traz escondido.

Deixo-me vencer por um imenso cansaço,
Por esta fome desvairada de querer,
Pela ausência que encontro no meu espaço.

E à noite, quando me deito, já sem me ver,
Reuno toda a vontade num só traço
E, em mim, desenho a vida que hei-de viver!...


Desenho vales e rios em tons de verde,
De azul, o céu e o mar que me espera.
Desenho as folhas que o Outono perde
E as flores com que lhe ganha a Primavera.

Pinto o cheiro de rosas no Verão
E, no céu, um candeeiro de luar.
Pinto o mundo com o branco de um nevão
e de Inverno enfeito todo o ar.

Pinto a minha vida de mil cores,
Dou-lhe cheiros, gestos e sabores,
Dou-lhe o tempo isolado do seu fim.

No final, ao contemplar o meu desenho,
Percebo que no meu, o teu engenho,
Me pintou uma vida igual a mim!...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Ribalta

Trazem-me as luzes da ribalta
Memórias de outros carnavais,
Em peças de actos desiguais
E sons apagados de uma pauta.

No palco, a vida roda e salta
E dança, em figuras colossais,
Os sonhos, que lhe pintam os demais
E à vida, ela própria, fazem falta.

No camarim atropelam-se os actores,
Veste-se a nudez em seu redor
E despem-se, de pétalas, as flores.

Trocam-se os aplausos pela dor,
O cansaço perde-se em odores
E a vida, mesmo ali... no corredor...