segunda-feira, 14 de setembro de 2009

CONTRAMÃO: Capítulo VI

As horas que conto desde que a Carmen me deixou em casa somam, sem grande surpresa minha, não mais que vinte minutos. O sono e o whisky que não tenho compelem-me a sair. A sede e a temperatura que ainda se faz sentir compelem-me a entrar no primeiro antro que me aparecer à frente. E entro.

O ambiente abafado, com um leve cheiro a mofo e um não tão leve cheiro a perfume rasca, condizem na perfeição com o nome. Sei-o, sinto-o, cheiro-o. Esqueço-me do nome.

Dirijo-me para um canto isolado do balcão e chamo o barman:
- Boa noite.
- Boa noite, que vai ser? – pergunta-me de imediato.
- Um Black Label, duplo. Para mim, só do melhor.
- Pois. Lamento, mas só temos VAT 69.
- Ou isso... pode deixar a garrafa.

Na outra ponta do balcão, o protótipo da advogada bem sucedida e mal casada sorri-me, ao mesmo tempo que brinca demoradamente com a sombrinha do cocktail. Sorrio de volta.
Duas bebidas depois e já o banco ao meu lado se encontrava ocupado:
- Detesto beber sozinha. Importa-se que lhe faça companhia? – pergunta-me.
- Muito pelo contrário – respondo, com um sorriso.
Não me preocupo em disfarçar o olhar com que a dispo. Aparenta ter 35 anos, umas pernas longas e bem torneadas e o melhor decote que a ciência moderna tem para oferecer. Talvez até seja bonita, o que, para o caso, é irrelevante.
- E então? Gosta do que vê? – pergunta-me com ar desafiador.
- Bastante. Essa roupa ficava a matar espalhada pelo chão do meu quarto...

Meia hora mais tarde, já a roupa se encontrava espalhada pelo chão de um quarto que não o meu, enquanto me envolvias com a tua boca, num mudo monólogo ritmado. Retribuo-te a gentileza, com três dedos de conversa na língua-local que usaste para se te me apresentares. Viro-te e reviro-te até que os teus passos de merengue me encubram a audição e me impeçam de entender o porquê dos gritos de “Silêncio!!” dos vizinhos.

Deixo-me subjugar pela força que julgas ter, enquanto me agarras com mãos e pernas e língua e toda tu me usas como trampolim de uma vontade reprimida. Deixo que te iludas com o domínio que julgas ter-me e abandono-me aos desejos do teu desejo. Por agora, apeteces-me assim. Por agora, deixo o prazer a teu bel-prazer.

- Chega. Agora é a minha vez – sussurro-te, enquanto te viro de costas para mim. Não te preocupes... não vai doer nada – minto-te.
Ignoro o teu olhar surpreso e forço-me em ti, invadindo todos os sentidos proibidos, enquanto me gritas um não vestido de sim, numa voz rouca de dor-prazer: “Não, aí não... não... naooooh, sim. Sim. SIM!!”

- Tens um cigarro? Os meus acabaram...

domingo, 6 de setembro de 2009

Random Thoughts

Life has the terrible habit of catching up with you, just around the corner...

Destiny is what awaits you at the end of the road you take to escape it...

Inevitability is the inevitable certainty of life having the last laugh...

Nightmares are the stuff other people's dreams are made of...