sábado, 21 de março de 2009

Férias

Parto.

Troco palavras por silêncios e fujo de encontro ao futuro, que me espera já em tempos passados.
Deixo para trás o excesso de bagagem e carrego apenas o essencial. A mala não é grande e, ainda assim, vai quase vazia. De sobra o espaço para as memórias de ocasião e os momentos ocasionais.

Espero regressar com a mala cheia e, ainda assim, sem nada a declarar...

sexta-feira, 20 de março de 2009

Diogo

És a doce inocência de criança. És luz, és sol, és esperança. És desenho por colorir.
És traço, és papel, és caneta. És paixão com toques de ternura. És vida por descobrir.
És tanto, que não cabes em palavras, tão grande que não ouso resumir.

És amor,
És sonho,
És vida,
És tudo!

És a doce razão do meu viver...
O melhor FILHO que algum PAI podia querer!!

É tua, para sempre, a minha Vida.
É teu, para sempre, o meu Amor.

AMO-TE DIOGO!!

quinta-feira, 19 de março de 2009

18 Março

18 de Março.

Como poderia não pensar em ti?
És e serás sempre parte integrante de mim...

terça-feira, 17 de março de 2009

Coma

Acordo, lentamente.

Os meus olhos resistem à luz que os invade e os músculos parecem não querer responder. A boca, seca, procura o ar que a envolve, como se fosse esta a sua última inspiração.
Arranco os tubos que me rasgam o nariz e olho à minha volta. Tudo é paz. Tudo é silêncio. Uma calma anormalmente tranquila reina no ar.

A custo, abandono a cama articulada e dirijo-me para a janela.
Está um sol radiante lá fora. O céu aberto, sem nuvens, é o palco perfeito para a dança dos pássaros, com o seu doce chilrar.
As crianças brincam na relva e, entre elas, o vulto irrequieto do meu filho. Como cresceu...
Observo-o por breves momentos que me parecem horas. Estudo cada movimento, decoro cada gesto, absorvo cada segundo. E, num instante, naquela fracção de tempo em que o mundo parou, os nossos olhares encontram-se.
Já de olhos banhados em lágrimas, vejo-o correr em direcção à janela, de sorriso rasgado estampado no rosto. O meu sorriso...

Iço-o pela janela, com uma força que não sabia ter e dou por mim num mundo à parte. Surgidos não sei bem de onde, amigos e família envolvem-me num abraço que me sufoca de carinho. As flores ocupam agora todo o quarto e adivinham-se as perguntas no ar:

"Então, como estás?"
"O que sentiste?"

Engraçado que, até aí, não me tinha dado conta que tinha acordado...

Sorrio, docemente, enquanto respondo:
"Nem tudo é mau. Passa-se o dia inteiro a sonhar..."

Sorrio ainda mais, quando concluo em silêncio:
"Hoje, acordei... e mantenho os sonhos vivos em mim!"

Pesadelo

Caminho, perigosamente, no limite do precipício.
O meu medo de cair suplantado apenas pela vontade de mergulhar...

O Sol, que aqui me trouxe, foi já rendido pela Lua, que agora ilumina os meus passos.
Uma constelação de mil estrelas parece querer indicar-me o caminho. Fecho os olhos e procuro seguir o estranho mapa, ligar os pontos de luz. Perco-me.
Sem referências é sempre mais difícil encontrar o caminho...

Ao meu redor, o mundo tornou-se mudo. O silêncio que impera em mim, ecoa nas paredes da minha alma e revolta-se num grito surdo. Ouço, apenas, a ausência de som dos meus passos.

Imóvel, procuro equilibrar-me na linha ténue que limita a minha sanidade.
Estendo a mão para tocar o nada que sei lá estar. Agarro-me à corda imaginária que ainda prende o meu mundo e deixo-me balançar sobre o abismo.

Neste momento, abro os olhos e enfrento o vazio.
O medo é agora a corda que me mantém suspenso.
Estranhamente, não tenho medo a que me agarrar.

Volto a cerrar os olhos, largo-te... e deixo-me ir.

Felizmente, sei que é só um pesadelo.
Um doce, previsível e reconfortante pesadelo.

Neste, como em todos os outros... acordo sempre antes de tocar o chão!

Embriaguez

- Chegámos.
O som mal se distingue, longínquo, distante.
- Psst, chegámos.
Agora mais perto, a voz não me é familiar. Começo lentamente a despertar. Abro os olhos, apenas para os voltar a fechar em poucos segundos.
- Psst. Desculpe. Chegámos!
A voz é agora mais forte. O tom, levemente irritado, sugere-me que este é um bom momento para acordar.
- Quanto é? - pergunto.
- Onze e oitenta - alguém me responde.
- Obrigado. Pode ficar assim.

Saio do taxi para a noite gélida que me sufoca e olho à minha volta.
Era suposto não reconhecer o local, mas tudo me parece estranhamente familar. As luzes, os odores, as ruas, os sinais. Tudo me recorda de ti.
Procuro, em vão, os meus cigarros. Sorrio. Quase me esquecia que deixei de fumar. "Fumar mata", uma frase tão simples, que convence. Convenceu-me.

Arrisco. Começo a caminhar na tua direcção sem saber onde estás, sem saber como ou por onde ir. Deixo-me guiar pelo instinto, na esperança que as memórias destas ruas que nunca pisei, me vão mostrando o caminho.
Está escuro. Nada vejo, para além das marcas dos meus próprios passos, que vou deixando e decorando, não vá eu precisar de voltar.

É este o momento em que anseio que apareças, a galope no teu cavalo, tal princesa, tal personagem de conto de fadas. Invariavelmente, nesta noite, como em todas as anteriores, não apareces.
E o meu conto de fadas esfuma-se em tons de realidade, no preciso momento em que que gritam, do carro que quase me atropela: "Sai do meio da estrada, ó palhaço!!"

E saio. Cambaleio a subir o passeio, tropeço a subir as escadas e acabo por cair à entrada de uma porta, uma porta igual às outras. Experimento uma chave, outra e outra, sem sucesso. Em desespero, experimento o puxador, a porta está aberta, como que à espera de me receber. Entro.
Procuro-te, como faço todas as noites. E, como em todas as outras noites, tu não estás. Provavelmente, saíste para comprar cigarros...

Mais uma noite. Mais uma horrível dor de cabeça.
Nada que um Xanax e dois tragos de Whisky não resolvam.
Hoje, talvez durma descansado.
Quem sabe, sonho contigo? Quem sabe, talvez tenha um pesadelo?

Inevitável

"Foi inevitável", disseste-me tu, com um brilho doce nos olhos. Usavas aquele sorriso de quem pede desculpa por ter partido o pote das guloseimas e tenta esconder a ausência de arrependimento.
Da mesma forma e, inevitavelmente, o pote estava partido.

"Papá, foi sem querer. Por favor, não fiques chateado comigo. Vais deixar de gostar de mim?"
As tuas mãos ternurentas procuram o meu pescoço e as tuas pernas o meu colo. Sabes como me desarmar. Olhas-me nos olhos, como que a tentar ler a minha reacção, como que a tentar ver através deles e olhar no fundo do meu coração.

"Não, filha. Sabes que o Papá nunca irá deixar de gostar de ti", respondo-te.
Os teus olhos animam-se, as tuas mãos contraem-se à volta do meu pescoço e saltas do meu colo com o olhar de felicidade de quem se prepara para ir brincar.

Antes que saias da sala a correr, tenho ainda tempo para te dizer, numa voz aparentemente calma: "Mas, Luísa, esta semana estás de castigo."

Como resposta à perplexidade que leio nos teu olhos, acrescento apenas:
"Sabes, filha? Todas as acções têm reacções. E isso... é inevitável!"

domingo, 15 de março de 2009

Blog

És palavra. És imagem. És silêncio.
És verdade. És mentira. És ficção.
És drama. És romance. És comédia.
És sonho. És realidade. És ilusão.

És o preto e o branco misturados, és cinza colorido, em quadro de palavras vãs. És o grito em surdina do desejo, és espelho de sonhos e vontades, és riso, és lágrima... e nada és.

És não mais do que aquilo que eu te queira, não mais do que as regras que te imponha. Não tens vida, não tens desejo ou liberdade. Não iludes, não enganas, não escondes. Nada mostras, ainda assim, que eu não permita.

Passeias-te no interior da minha mente e perdes-te nos cenários que te pinto. Acreditas-te nas histórias que te invento e em cada uma das verdades que te minto.

Nada dás, nada aceitas, nada pedes.
E, em troca, nada recebes.

És tão somente um Blog. Não mais. Não menos.
Mas és, ainda assim, parte de mim...