quinta-feira, 13 de maio de 2010

Razões

Honestamente, não sei dizer-te o que mais gosto em ti...

Como limitar o que, de si, é ilimitado?
Como dividir o indivisível, em ti, personificação de que o todo é, efectivamente, superior à soma das suas partes?
Como te atreves sequer a pedir-me que tente?

Como? Se há dias em que o doce cheiro dos teus cabelos me embala o sono e dias há em que são os teus lábios que me devolvem à vida? Como dissociar a tua pele do toque suave das tuas mãos e do abraço selvagem das tuas coxas?

Como explicar-te que, se há dias em que o teu rosto me apaixona, outros há em que essa paixão sucumbe à força impiedosa do desejo, quando adivinho os contornos do teu corpo em contra luz e a minha vontade contra a parede da sala, separadas apenas por uma fina camada de ti?

Não, honestamente, não sei dizer-te o que mais gosto em ti!

Sei, seguramente, do que não gosto.
De ti. Dessa perfeição intangível que insistes manter, exclusivamente, no hemisfério esquerdo da minha imaginação...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Palavras

Palavras desconexas, ligadas para sempre por significados ocultos e inexoráveis. Palavras silenciosas, mudas, caladas, sentidas, perdidas em tempos e espaços que não os presentes. Palavras rasgadas na verdade, dissimuladas na mentira e insondáveis na imensidão do in between. Palavras de ódio, de amor, de amizade, de loucura, de tudo e de nada e ainda mais um pouco.

Palavras que pintam sorrisos, escondem segredos, desbravam caminhos e combatem medos. Palavras que alimentam, que carregam, que suportam, que ensinam. Palavras soltas, caídas, jogadas, abandonadas, unidas por letras que as descompõem nos espaços em que se afastam. Palavras de ordem, sem ordem, ordenadas no caos por uma estranha vontade própria.

Palavras que não são minhas, nem tuas, nem de ninguém. Palavras que não conhecem dono ou lealdade. Palavras imaginadas em sonhos e lançadas aos sete ventos numa dura ilusão de realidade. Palavras cruéis, inocentes, com pronúncia de criança e ponderação de adulto. Palavras que tudo podem e nada mudam.

Palavras. No fim, são só palavras... nada mais... talvez menos...

domingo, 2 de maio de 2010

Fairytale

Today, I felt like writing you a Fairytale...

Pego no meu lápis, na tua folha e começo a escrever-te um mundo encantado...

Desenho, com palavras esdrúxulas, as longas paisagens onde te perdes de vista, recuperas o fôlego e sacias a alma. Adjectivo-te sonhos, que pinto de cor-de-rosa, num harmonioso contraste com o verde dos teus olhos. Construo, à base de metáforas e hipérboles, o castelo onde te guardas a sete chaves, para o mais encantado dos príncipes encantados.

Por fim, moldo o nome à tua vontade, dou-lhe a forma do teu desejo e o cheiro do teu prazer. Ordeno-o, com um 'A' maiúsculo em frente do mar e peço-lhe que capture o teu sol. Para sempre, neste mundo pintado de encanto à tua imagem, o sol brilhará por ti.

Guardo no peito a tua folha em branco e deixo as minhas palavras seguirem caminho...
Quem sabe, talvez cruzem o teu?!?