quarta-feira, 27 de julho de 2011

Escrevi-te

Comecei por te escrever um soneto, procurando, na imperfeição das sílabas métricas, retratar a tua própria perfeição. Armei-me de metáforas e hipérboles, que desfiz em pleonásmos de ti.

Escrevi-te prosas, versos, cartas, emails, bilhetes, SMS, post-its... até um livro te escrevi, em folhas amassadas de velhos guardanapos de papel, que ainda hoje carrego comigo. Rendi-me aos sinais de fumo, aos pombos correio, inundei-te o fax, pensei-te em código morse e li-te em Braille. Escrevi-te todo um romance, que converti em argumento cinematográfico de filme de série B, a roçar o C, em jeito de Tarantino meets Howard Stern. Guardo ainda, bem vivo na memória, o vermelho deslavado do carimbo "Censurado".

Passei por te escrever canções, desgarradas, agarradas, aninhadas, juntas, muito próximas de nada. Escrevi infindáveis dicionários só com o teu nome e sebentas repletas de palavras soltas por ti. Pensei, juro, em escrever toda uma tese de doutoramento sobre ti, que teria escrito, juro outra vez, não fora eu perder toda a articulação qundo te penso. Enrolei milhares de minúsculas mensagens em pequenas garrafas, que lancei ao largo do Cabo da Boa Esperança, para mim, ainda e sempre, Cabo das Tormentas.

Agora que penso, acabei por nunca te escrever o que tanto escrevi...
Ter-me-ias lido?!?

1 comentário: