A tua memória, vinda do nada, embateu em mim como se de um sinal se tratasse. Não falo de um sinal divino ou qualquer outra forma de crença sobrenatural. Não. Foi mesmo como um daqueles vulgares sinais de trânsito, em que batemos quando olhamos distraidamente a mini-saia que se passeia do outro lado da rua. Um desses. Banal, sujo, gasto.
Ainda assim, atirou-me ao chão...
Não me levantei de imediato, de tão compenetrado que estava na árdua tarefa de contar estrelas. Até os flashes que, na altura, confundi com sinais, não passavam de vulgares sinais de luzes dos carros que, desesperadamente, tentavam não me atropelar.
E, na sua maioria, conseguiram...
Já na ambulância, a caminho do Hospital, um outro sinal. Indistinto, quase inaudível, um ténue bip cadenciado abranda de ritmo até se alongar num único bip, contínuo, agora ainda mais longínquo, que se funde com as sirenes que já não ouço.
"... 3... 2... 1... AFASTAR!"
Estranho... será outro sinal?!?
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Cansada tiro as luvas, arranco a bata amarela que me protegeu dos salpicos de ti, e respiro. Estás salvo. Pelo menos por agora.
ResponderEliminarAqui nesta sala de emergências rodeada pelos despojos do salvamento que se antevia, que se previa, que era até esperado, e que no entanto surge sempre de surpresa, olho em volta.
Há sacos de soro abandonados balouçando docemente na sua transparência líquida, instrumentos que jazem desordenados em tabuleiros agora inúteis, cacofonia de instrumentos cirúrgicos em silencioso abandono.
Tanto se fez, e afinal tudo o que precisavas era um penso rápido.