quarta-feira, 1 de abril de 2009

Navegar

O Sol, pintado em tons de toranja azulado, deita-se agora na linha do horizonte.
Anoitece lentamente, ao ritmo compassado do meu tempo, sem tempo. O azul escuro domina agora os meus olhos, que tentam, em vão, contar as estrelas que rasgam o céu. Estão aqui tão perto que acredito conseguir agarrá-las e escalar, uma a uma, sem tempo, até alcançar a Lua onde me escondo.

Hoje é dia de um só sentido. Hoje é dia de visão.
O pôr-do-sol mais bonito que alguma vez vi foi rendido por um manto de estrelas fantástico, que em nada lhe inveja a beleza. A água, onde se reflecte o meu mundo, é límpida e clara como o céu que nela se espelha. Mergulho uma mão e admiro os círculos perfeitos que nascem do meu contacto.
Todos os dias deviam ser assim. Serenos. Perfeitos. Só meus.

Levanto a âncora que me prende, solto as amarras e deixo-me ir.
Desligo o GPS. Hoje é dia de me guiar pelas estrelas. É dia de me deixar guiar. É dia de me deixar ir à deriva. É dia de saborear a viagem. É dia de largar o meu porto.

Hoje é dia de navegar sem destino.
Amanhã, se regressar, conto-vos como foi...

2 comentários:

  1. Em cima do barco
    que esperta a corrente
    é hoje que parto
    para sempre

    Todos os teus rostos
    me verão chegar
    ver-me-ás saciar
    todos os teus gostos
    alvuras e mostos
    da lira solar

    Hoje a noite é una
    em luz e razão
    Dois olhos ? e espuma

    Enfuna-te, escuna

    Aproa ao vulcão



    Mário Cesariny

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  2. Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo...

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