O Sol, pintado em tons de toranja azulado, deita-se agora na linha do horizonte.
Anoitece lentamente, ao ritmo compassado do meu tempo, sem tempo. O azul escuro domina agora os meus olhos, que tentam, em vão, contar as estrelas que rasgam o céu. Estão aqui tão perto que acredito conseguir agarrá-las e escalar, uma a uma, sem tempo, até alcançar a Lua onde me escondo.
Hoje é dia de um só sentido. Hoje é dia de visão.
O pôr-do-sol mais bonito que alguma vez vi foi rendido por um manto de estrelas fantástico, que em nada lhe inveja a beleza. A água, onde se reflecte o meu mundo, é límpida e clara como o céu que nela se espelha. Mergulho uma mão e admiro os círculos perfeitos que nascem do meu contacto.
Todos os dias deviam ser assim. Serenos. Perfeitos. Só meus.
Levanto a âncora que me prende, solto as amarras e deixo-me ir.
Desligo o GPS. Hoje é dia de me guiar pelas estrelas. É dia de me deixar guiar. É dia de me deixar ir à deriva. É dia de saborear a viagem. É dia de largar o meu porto.
Hoje é dia de navegar sem destino.
Amanhã, se regressar, conto-vos como foi...
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Em cima do barco
ResponderEliminarque esperta a corrente
é hoje que parto
para sempre
Todos os teus rostos
me verão chegar
ver-me-ás saciar
todos os teus gostos
alvuras e mostos
da lira solar
Hoje a noite é una
em luz e razão
Dois olhos ? e espuma
Enfuna-te, escuna
Aproa ao vulcão
Mário Cesariny
Por mais longa que seja a caminhada o mais importante é dar o primeiro passo...
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