Comecei por te escrever um soneto, procurando, na imperfeição das sílabas métricas, retratar a tua própria perfeição. Armei-me de metáforas e hipérboles, que desfiz em pleonásmos de ti.
Escrevi-te prosas, versos, cartas, emails, bilhetes, SMS, post-its... até um livro te escrevi, em folhas amassadas de velhos guardanapos de papel, que ainda hoje carrego comigo. Rendi-me aos sinais de fumo, aos pombos correio, inundei-te o fax, pensei-te em código morse e li-te em Braille. Escrevi-te todo um romance, que converti em argumento cinematográfico de filme de série B, a roçar o C, em jeito de Tarantino meets Howard Stern. Guardo ainda, bem vivo na memória, o vermelho deslavado do carimbo "Censurado".
Passei por te escrever canções, desgarradas, agarradas, aninhadas, juntas, muito próximas de nada. Escrevi infindáveis dicionários só com o teu nome e sebentas repletas de palavras soltas por ti. Pensei, juro, em escrever toda uma tese de doutoramento sobre ti, que teria escrito, juro outra vez, não fora eu perder toda a articulação qundo te penso. Enrolei milhares de minúsculas mensagens em pequenas garrafas, que lancei ao largo do Cabo da Boa Esperança, para mim, ainda e sempre, Cabo das Tormentas.
Agora que penso, acabei por nunca te escrever o que tanto escrevi...
Ter-me-ias lido?!?
quarta-feira, 27 de julho de 2011
quinta-feira, 21 de julho de 2011
Insight
Lost and broken in the silent night,
My eyes foresee in the blinding light
A glimpse of heaven before my sight,
Your unveiled body for my delight.
Standing here, in all your might,
A dazzling vision of perfect bright,
You deceive my senses into a fight,
Whirling all my wrongs into right.
And yet, you find me not your shining knight.
So, goodnight, it’s past midnight!...
My eyes foresee in the blinding light
A glimpse of heaven before my sight,
Your unveiled body for my delight.
Standing here, in all your might,
A dazzling vision of perfect bright,
You deceive my senses into a fight,
Whirling all my wrongs into right.
And yet, you find me not your shining knight.
So, goodnight, it’s past midnight!...
quarta-feira, 20 de julho de 2011
Tau
Olho-te.
Estou com um tau que não te aguento - penso.
Penso-te. Imagino-te.
Imagino-te decadente Vénus de Milo, despojada de braços, pernas partidas pelo tempo meu, corpo agastado, arrastado, sujo e engelhado por vontade minha. Imagino-te Camões, sem um olho, sem pala, com palas. Duas. Imagino-te Capitão Gancho, enferrujado, enrugado, tolhido pela ruindade, à mercê de um tic-tac incessante. TIC. TAC. TIC. TAC.
Penso-te Bela Adormecida, sem Príncipe Encantado, para não mais despertares de um sono entorpecido, mergulhada nos constantes pesadelos que te invento. Penso-te Cinderela depois da meia-noite, sempre depois da meia-noite, sem sapato, semi-descalça, com frio, cansada, com sono, pelo sono que não te permito. Penso-te Medusa, com negras cobras no lugar dos cabelos brancos, enloquecida por um sibilar agudo e prolongado, que te grita impropérios meus.
Estou com um tau que não te aguento.
Penso. Alto. Talvez até to diga.
Olhas-me, perplexa, com cara de quem me vai perguntar de quem é a culpa. Ainda bem que não o fazes. Destesto anagramas.
"Vou tomar banho. Estou com um tau que não me aguento".
Estou com um tau que não te aguento - penso.
Penso-te. Imagino-te.
Imagino-te decadente Vénus de Milo, despojada de braços, pernas partidas pelo tempo meu, corpo agastado, arrastado, sujo e engelhado por vontade minha. Imagino-te Camões, sem um olho, sem pala, com palas. Duas. Imagino-te Capitão Gancho, enferrujado, enrugado, tolhido pela ruindade, à mercê de um tic-tac incessante. TIC. TAC. TIC. TAC.
Penso-te Bela Adormecida, sem Príncipe Encantado, para não mais despertares de um sono entorpecido, mergulhada nos constantes pesadelos que te invento. Penso-te Cinderela depois da meia-noite, sempre depois da meia-noite, sem sapato, semi-descalça, com frio, cansada, com sono, pelo sono que não te permito. Penso-te Medusa, com negras cobras no lugar dos cabelos brancos, enloquecida por um sibilar agudo e prolongado, que te grita impropérios meus.
Estou com um tau que não te aguento.
Penso. Alto. Talvez até to diga.
Olhas-me, perplexa, com cara de quem me vai perguntar de quem é a culpa. Ainda bem que não o fazes. Destesto anagramas.
"Vou tomar banho. Estou com um tau que não me aguento".
sexta-feira, 1 de julho de 2011
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